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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Quase Alice


Antes de deixar as minhas impressões sobre a Alice de Tim Burton, é preciso explicar a minha relação com a personagem: Alice é minha história favorita desde 1900 e sempre. Eu sou fã do livro, do nonsense que o cerca e do escritor, Lewis Carroll. Tenho mais de 15 edições diferentes dos livros, até mesmo em línguas que eu não sei ler, além de biografias do escritor e outros itens de coleção. Meu "sobrenome" Liddell é por causa da menina que inspirou toda essa história. Em outras palavras, não conheço ninguém que ame mais essa história do que eu.

Desde que eu soube que teria a oportunidade de ver outra adaptação da Alice feita pela Disney, em 3D, e dirigida por Tim Burton, eu criei as maiores expectativas do mundo. Talvez por isso eu tenha chegado a essas conclusões. Mas vamos ao que interessa.

Ao fazer uma releitura de um livro, várias coisas precisam ser adaptadas e até mesmo modificadas, principalmente quando a história se passa 14 anos depois da original. Porém, a premissa básica deve ser mantida. As duas histórias de Alice (no país das Maravilhas e Através do Espelho) são repletas de nonsense e de ataques ao moralismo que era instaurado na época em que foram escritas. Já o filme trata-se de uma história demasiadamente objetiva, onde Alice faz um enorme esforço para listar 6 coisas impossíveis que estão rolando ali.

Tim Burton até foi cuidadoso em alguns pontos ao "homenagear" os fãs. Existem diálogos que só quem leu e releu vai conhecer, como a cena em que Johnny Depp recita o poema do Jabberwocky. É de arrepiar. Mas em paralelo, a desconstrução de alguns personagens (como a Rainha Branca) chega a soar como falta de respeito ao trabalho de Lewis Carroll. E embora elementos importantes estejam ali (o chá maluco, o jardim das flores, os cogumelos, entre outros), nenhum deles é explorado a fundo, além de elementos chaves (como o desaniversário) que não são sequer citados. Sem contar com o excesso de traduções desnecessárias, que sempre foi um problema nos livros, e que aqui é aplicado da mesma maneira. Fico até com medo da versão dublada.

All mimsy were the borogoves, and the momeraths outgrabe. ♥

Mas é claro que, em se tratando de Disney e Tim Burton, o filme tem vários aspectos positivos. A estética é das coisas mais bonitas que eu já vi. O 3D chega a ser impressionante. Dá pra ver que a equipe de produção passou meses (talvez anos) estudando referências visuais até chegar naquele resultado impecável. Também é importante citar que a interação dos personagens gráficos e reais se dá muito bem, e a escolha dos dubladores originais foi super bem feita, como por exemplo, colocar Alan Rickman na pele da lagarta mais insuportável do mundo.

Who... r.... u?

É claro que eu vou assistir de novo, e de novo, e de novo, mas muito mais pela vontade de ver alguns de meus personagens favoritos numa telona do que por ter me apaixonado pela história.

Resumindo, é um bom filme, mas não é nem de longe a história de Alice. É super bem produzido, com uma história bem comum amarradinha e um puta visual de encher os olhos. Mas só. Foi feito para agradar a nova geração, pessoas que apreciam o trabalho de Tim Burton e pessoas que curtem um bom entretenimento, não fãs ensandecidos de Lewis Carroll como eu.
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Só lembrando: independente de eu não ter gostado tanto e o Laranja ter amado, amanhã rola promoção aqui no blog pra você assistir ao filme na faixa e tirar as suas próprias conclusões!

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5 comentários:

Unknown disse...

Como não li Alice e só me lembro da história pelo desenho animado da Disney, acho que vou amar loucamente o filme!

O que é bonito enche os olhos de um libriano, tirando os outros sentidos de cena! rss...

Unknown disse...

Na verdade, na verdade são poucas as adpatações da literatura que conseguem traduzir toda a complexidade daquele tanto de palavras juntas né?

Vou ver somente na semana que vem, daí volto a dar os ares aqui com minha opinião.

Salomão Terra disse...

Na noite de sexta irei ao cinema, mas com média expectativa. Talvez mais pelo trabalho de Tim que propriamente pela história de Alice!
Vejamos...

Dedé Villela disse...

Também não sou um conhecedor assíduo da estória original, mas gostei do filme muito mais pela visual bem surreal do que a trama em si. É diversão garantida. Vamos ver em 3D como será...

Abçs.

Priscila Cunha disse...

Se o filme é bom, não sei ainda (volto para contar). Mas a crítica foi muito bem escrita! Parabéns, Mell.

Acho que como o Salomão, eu verei mais pela expectativa de ver o trabalho de Burton (e elenco).

No mais, sempre qdo a gente cria muuuuuuuuita expectativa, acaba se decepcionando um pouco, não?

 
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