Antes de deixar as minhas impressões sobre a Alice de Tim Burton, é preciso explicar a minha relação com a personagem: Alice é minha história favorita desde 1900 e sempre. Eu sou fã do livro, do nonsense que o cerca e do escritor, Lewis Carroll. Tenho mais de 15 edições diferentes dos livros, até mesmo em línguas que eu não sei ler, além de biografias do escritor e outros itens de coleção. Meu "sobrenome" Liddell é por causa da menina que inspirou toda essa história. Em outras palavras, não conheço ninguém que ame mais essa história do que eu.
Desde que eu soube que teria a oportunidade de ver outra adaptação da Alice feita pela Disney, em 3D, e dirigida por Tim Burton, eu criei as maiores expectativas do mundo. Talvez por isso eu tenha chegado a essas conclusões. Mas vamos ao que interessa.
Ao fazer uma releitura de um livro, várias coisas precisam ser adaptadas e até mesmo modificadas, principalmente quando a história se passa 14 anos depois da original. Porém, a premissa básica deve ser mantida. As duas histórias de Alice (no país das Maravilhas e Através do Espelho) são repletas de nonsense e de ataques ao moralismo que era instaurado na época em que foram escritas. Já o filme trata-se de uma história demasiadamente objetiva, onde Alice faz um enorme esforço para listar 6 coisas impossíveis que estão rolando ali.
Tim Burton até foi cuidadoso em alguns pontos ao "homenagear" os fãs. Existem diálogos que só quem leu e releu vai conhecer, como a cena em que Johnny Depp recita o poema do Jabberwocky. É de arrepiar. Mas em paralelo, a desconstrução de alguns personagens (como a Rainha Branca) chega a soar como falta de respeito ao trabalho de Lewis Carroll. E embora elementos importantes estejam ali (o chá maluco, o jardim das flores, os cogumelos, entre outros), nenhum deles é explorado a fundo, além de elementos chaves (como o desaniversário) que não são sequer citados. Sem contar com o excesso de traduções desnecessárias, que sempre foi um problema nos livros, e que aqui é aplicado da mesma maneira. Fico até com medo da versão dublada.
All mimsy were the borogoves, and the momeraths outgrabe. ♥
Mas é claro que, em se tratando de Disney e Tim Burton, o filme tem vários aspectos positivos. A estética é das coisas mais bonitas que eu já vi. O 3D chega a ser impressionante. Dá pra ver que a equipe de produção passou meses (talvez anos) estudando referências visuais até chegar naquele resultado impecável. Também é importante citar que a interação dos personagens gráficos e reais se dá muito bem, e a escolha dos dubladores originais foi super bem feita, como por exemplo, colocar Alan Rickman na pele da lagarta mais insuportável do mundo.
Who... r.... u?
É claro que eu vou assistir de novo, e de novo, e de novo, mas muito mais pela vontade de ver alguns de meus personagens favoritos numa telona do que por ter me apaixonado pela história.
Resumindo, é um bom filme, mas não é nem de longe a história de Alice. É super bem produzido, com uma história bem comum amarradinha e um puta visual de encher os olhos. Mas só. Foi feito para agradar a nova geração, pessoas que apreciam o trabalho de Tim Burton e pessoas que curtem um bom entretenimento, não fãs ensandecidos de Lewis Carroll como eu.
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Só lembrando: independente de eu não ter gostado tanto e o Laranja ter amado, amanhã rola promoção aqui no blog pra você assistir ao filme na faixa e tirar as suas próprias conclusões!