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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Mulher Biônica


Christina Aguilera anunciou que faria um disco com pitadas eletrônicas e indies alternativas. Quando fez isso, geral comentou que ela tava copiando a GaGa e mimimi. Fato é que a voz das duas é parecida, a maneira de cantar é parecida (quando mais jovem, GaGa teve aulas de canto com o mesmo professor da X-Tina) e a fuça de ambas é similar. Agora, musicalmente, elas estão muito distantes.

Antes, um dado: no DVD Live and Down Under, Aguilera anunciou que já estava trabalhando em seu próximo disco eletrônico. LaDU foi lançado em fevereiro de 2008, sete meses antes de The Fame chegar as lojas. Beyjos pra quem insiste em dizer que uma copia a outra.

Quando a Aguilera diz que "não é ela mesma essa noite" ela está sendo muito sincera. Ela não tem um estilo musical definido. Lógico, tudo tem uma roupagem pop e tals, mas a cada disco ela muda radicalmente seu estilo. Em Stripped, ela foi a piranha do rap/r&b (com umas pitadas de rock perdidas ali no meio). Em Back to Basics, ela se transformou em Baby Jane, diva do soul e da música negra dos anos 40/50/60. Em ambos os trabalhos, Aguilera executou muito bem a proposta.

Agora chegamos a Bionic. Produzido por gente do cacife de Santogold e M.I.A, a proposta do disco é ser futurista, eletrônico, moderno. Mais uma vez, Aguilera acertou a mão. Se a idéia do "biônico" é a linha entre o humano e o eletrônico, as músicas passeiam por esses ambientes. Em alguns momentos, X-Tina tem a voz tão distorcida que chega a parecer qualquer outra cantora, menos ela ("Elastic Love", "Bionic"). Em outros, quase se ouve apenas a voz da cantora, com pianinhos e barulhinhos muito discretos ao fundo ("You Lost Me", "All I Need").

Um grande mérito do time de produtores foi dar uma acalmada na cantora. Ao invés de seus trabalhos anteriores, em Bionic, Christina não fica gritando a todo tempo como uma bezerra desmamada. Claro que ela grita, ela é exagerada por natureza, mas os gritos só entram nas músicas em que eles são bem vindos. Não é como ela sempre fez, gritando em todos os espaços vagos de uma letra.

Por fim, vale lembrar que a Aguilera, por mais que não tenha um único estilo musical fixo e mega definido, tem uma obra coerente no que diz respeito aos temas que trata: sexo, família, latinidade e a libertação feminina (e não, ela nunca escondeu que Madonna era uma inspiração).
O tema "família" está mais calmo nesse disco. Em Stripped ela contou tudo que o pai motherfucker fez pra ela e pela mãe e elevou a mãe ao status de santa. Em Back to Basics, pediu desculpas por ter falado mal do pai. Agora, Christina tem uma família para se preocupar. O foco se virou para o marido e o filho ("All I Need" é uma linda homenagem ao baby).

Resumindo: Bionic é um disco pop, que merece ser ouvido do começo ao fim, e aposto que vai ter muito alternativo aí pagando pau pro álbum. Até porque, muitas vezes, eles não vão fazer ideia de quem está cantando mesmo.

"Who owns the throne?" "You do, mommy"

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2 comentários:

Gabriel Cadete disse...

adorei seu texto. e amei esse CD. mesmo, mesmo :)

Admin disse...

Gente, da pra saber quem escreve o post antes mesmo de ir até o final. (L)

 
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