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terça-feira, 20 de abril de 2010

Finalmente Alice

Antes de falar sobre o filme, algumas considerações: primeiro que todo mundo que acompanha o blog sabe o quanto a gente é doido por Alice, então essa semana é mais que especial (a gente até botou roupa nova, reparou?). Segundo, um mega obrigado a todo mundo que lê o blog e acompanhou nossa saga pra saber de tudo que rolava com o filme. E terceiro, um master obrigado a galera da Disney/Árvore de Comunicação pelo apoio de sempre.

Dito isso, vamos lá. Como eu, o Marcelo e a Mell assistimos ao filme e cada um teve suas impressões, vamos fazer três resenhas, cada um fala o que pensa e todo mundo fica feliz. Democrático e do jeito que a gente gosta. Hoje eu, amanhã a Mell e depois o Marcelo. E na sexta, dia de estreia do filme, a gente vai sortear uns ingressos, pra você ir e contar pra gente a sua opinião.


O maior - e ó, quase único - erro de Alice no País das Maravilhas é se chamar Alice no país das Maravilhas. Fosse qualquer outro o título do filme, todo mundo que meteu o pau no roteiro, acharia genial. O que acontece é que Alice não é uma adaptação direta dos livros, ou da animação da Disney. Eu, aliás, não acho que o Tim Burton seria superficial o suficiente para simplesmente regravar um roteiro. Daí quando ele anuncia que vai adaptar uma história, o mínimo que se deve esperar é uma releitura. Sendo assim, deixando bem claro, para aqueles que ainda não pensaram nisso ou porque não quiseram ou porque gostam de falar mal mesmo: Alice de Tim Burton é quase uma continuação. É como se o filme de 19XX tivesse mesmo acontecido e Alice, agora mais velha, retorna ao País das Maravilhas - agora dominado pela Rainha Vermelha louca do cu insana, e chamado de UnderLand ao invés de WonderLand.

Assim, como em qualquer releitura, Burton resolveu ir pelo caminho mais complicado, que é o de recriar todo um universo, dando nomes e atitudes diferentes aos personagens. Ainda assim, sem descaracterizá-los. O Chapeleiro Maluco ainda é louco, a Rainha Vermelha ainda é louca (e tem um cabeção digno das animações em stop-motion do diretor), a Rainha Branca é insuportavelmente fofa, o Gato Risonho ainda é risonho e controverso, a Lagarta ainda é nojenta e arrogante. Alice, o principal de tudo, ainda é atrevida e despojada - não quer usar espartilhos e meias em plena era vitoriana e é "macha" o suficiente para rejeitar um casamento com um nobre para se tornar empresária na China. Mas é, ao mesmo tempo, tímida e assustada, sem saber quais de seus pensamentos são reais e quais não.

É na ambiguidade dos personagens que Burton acerta em cheio. A Rainha Vermelha de Helena Bonham-Carter é louca e sem coração, mas é tudo trauma por ter sido rejeitada por todos. A Rainha Branca é doce e suave, mas sabe muito bem usar sua sutileza para manipular as pessoas. O Chapeleiro de Johnny Depp é insano, dança, canta e sapateia, mas é depressivo e traumatizado. A dualidade dos sentimentos dos personagens - característica dos filmes do Tim Burton - os traz pra perto da gente de uma maneira linda.

E, por falar em trazer pra perto, o 3D é maravilhosamente bem usado. O filme é lindo, com as cores que estamos acostumados a ver quando Burton está na direção. Ou é tudo colorido e feliz ou é triste e depressivo. A festa do chá, inclusive, se encaixa nas dualidades do filme. É uma festa, tem todo um clima de festa, mas é depressiva, já que não faz sentido festejar quando o País está devastado. As cores são fortes, mas, ao mesmo tempo, é tudo meio opaco, sem sal. E, ao contrário de Avatar - até agora, a referência 3D - onde TUDO pula na sua cara, em Alice só o que tem de pular pula. É um 3D discreto e elegante, como tudo que o Tim Burton faz.

Alice no País das Maravilhas é um filme curiosíssimo, que merece ser visto sem pré-conceitos.

Pra finalizar, seis coisas impossíveis para se pensar antes do café da manhã:

1 - Não achar que o Chapeleiro Maluco não poderia ser interpretado por ninguém além do Johnny Depp.

2 - Não se apaixonar pela cara de coitado do Coelho Branco e não rir MUITO da Lebre de Março.

3 - Não se irritar com o excesso de fofura da Rainha Branca.

4 - Não sentir um pingo de dó da Rainha Vermelha - tadinha, rejeitada desde a infância.

5 - Não acreditar que tudo o que está na tela é real.

6 - Tim Burton fazer um filme ruim.

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1 comentários:

Anna Garcia disse...

Caro Ricardo,

Assim como você, fui privilegiada em assistir à pré-estreia do filme ontem e compartilho a maioria de suas impressões sobre ele, menos (sempre tem um menos),quando você diz que "ao contrário de Avatar onde TUDO pula em sua cara e em Alice só o que tem de pular, pula". A minha impressão sobre esse aspecto é contrária à sua, pois em Avatar há a elegância sutil no uso do 3D e, poucas vezes há o jogo dessa brincadeira que o diretor faz com o espectador. Já em Alice, várias vezes temos a nítida sensação de que seremos atingidos pelos objetos que "voam" em nossa direção, mas em minha opinião, isso de modo algum desqualifica ou diminui os méritos de Tim Burton, o que não podemos, é ser tão parciais.
Você tem razão e propriedade quando descreve a ambiguidade das personagens, maior mérito da recriação de Tim Burton.
Parabéns pelo Blog.

 
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